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POSTURA CRÔNICA OU PROLONGADA
A postura crônica ou prolongada ocorre quando fêmeas sexualmente maturas fazem posturas seqüenciais com intervalo entre posturas muito próximas, ou seja, botam certo número de ovos, nem bem começam a chocar e fazem nova postura.As posturas crônicas não são tão comuns em aves silvestres, mas muitos de nós já possuímos aves que criavam de modo normal e agora desenvolveram o hábito de posturas seqüenciais. Não chocam como antes, abandonam o ninho e logo em seguida fazem nova postura e assim sucessivamente.A causa do problema está relacionada a alteraçõeshormonais destas fêmeas, pois a postura é determinada por um equilíbrio muito delicado de hormônios de ações sexuais (hipófise) e hipotalâmicos. O estímulo do crescimento de folículos se dá pela ação de um hormônio chamado de hormônio folículo estimulante (FSH) sobre o ovário, fazendo com que estes se desenvolvam. Após o seu pleno desenvolvimento, o folículo sofre a ação de outro hormônioassociado ao FSH, o hormônio luteinizante (LH) e assimpromovem a sua liberação ou ovulação no trato genital da fêmea, onde desenvolve até a formação completa do ovo, sendo então posto. Devemos lembrar que a maioria das fêmeas possui somente o ovário esquerdo, sendo o direito ausente ou totalmente involuido.A maturação do ovário se inicia através de um processo que chamamos de fotoperiodismo positivo, que nada mais é do que a sensibilização do organismo quando gradativamente ocorre o aumento do período de luz por dia, o que acontece com a primavera. Com os dias se tornando mais longos(fotoperiodismo positivo) ocorre a estimulação luminosa do organismo da ave por sensibilização do nervo óptico, que envia mensagem à glândula pineal (hipófise), fazendo com que o processo sexual estimulatório se inicie. A hipófise ativa o hipotálamo que começa a produzir fatores de liberação de gonadotrofinas (GnRH), que atua novamente na hipófise, fazendo com que ocorra a produção de hormônios que atuam na maturação dos folículos do ovário, até a sua liberação e formação do ovo. O equilíbrio destes hormônios é muito delicado, sendo que quando um deles se eleva muito no organismo, automaticamente há um estímulo negativo para que cesse a sua produção. O exemplo mais fácil de vermos é o que anteriormente foi explicado, ou seja: a hipófise estimula o hipotálamo na produção de GnRH e este estimula a própria hipófise na produção de hormônio FSH e LH. Já com a alta dos hormônios FSH e LH há estimulação de forma negativa do hipotálamo para que pare de produzir GnRH, diminuindo-se assim a produção de FSH e LH. Ou seja, tanto um quanto o outro pode agir para que ocorra o aumento ou diminuição da sua produção hormonal.Como vemos o desequilíbrio destes hormônios pode fazer com que ocorra um excesso de estímulo no ovário,levando a posturas mais freqüentes e irregulares. Várias mudanças podem favorecer ao aparecimento do problema, podemos citar:- alterações hormonais por excesso de estimulação sexual das fêmeas como: a presença de machos fogosos cantando do lado; fêmea “enfemeada” com o proprietário; sons de outras fêmeas pedindo gala; femeas com filhotes; entre outras.- alimentação muito rica em cálcio, vitaminas e proteínas, favorecendo a produção de hormônios.- excesso de estimulação luminosa.- administração de hormônios exógenos (proprietário oferece ou efetua tratamento com o fornecimento de hormônios).- outras causas e causas indefinidas. Os problemas que decorrem da postura crônica das aves é o próprio desgaste que a ave sofre com as posturas seqüenciais, pois perdem cálcio, vitaminas, proteínas, gorduras, açúcares e minerais diversos. Podem assim desenvolver quadros de desnutrição, desgaste orgânico geral, ovos virados e ovos sem casca, entre outros problemas decorrentes do excesso de oviposição (posturas).O diagnóstico da postura crônica das aves é feitoexclusivamente pelo próprio quadro de posturas seqüenciais.O tratamento se baseia em desestimular a fêmea a efetuar posturas seqüenciais. Podemos: “enfraquecer” a alimentação: diminuir a fonte de cálcio; diminuir o período de luz por dia; mudar a ave de ambiente, retirando-se assim de perto dos machos, fêmeas com filhotes e fêmeas pedindo gala; não auto medicar as aves; entre outras medidas.A prevenção da doença é incerta, pois nunca podemos prever que a ave vá desenvolver a doença. Por esse simples fato só podemos acompanhar a ave e se ocorrer posturas seqüenciais podemos afirmar que estamos diante de um quadro de postura crônica. Em caso de dúvidas procure sempre o auxílio de um Médico Veterinário.
Luiz Alberto Shimaoka
Médico Veterinário – CRMV-SP 6003
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